Nesta segunda-feira, a polícia civil de Marau chegou à conclusão do inquérito que investigava a morte do santa-mariense Gustavo dos Santos Amaral, 28 anos, em uma barreira da Brigada Militar em abril deste ano. O policial militar que atirou em Gustavo foi inocentado na investigação.
Polícia investiga morte de santa-mariense em Marau
Segundo o delegado responsável pelo caso, Norberto dos Santos Rodrigues, o inquérito, de cerca de 250 páginas, conclui que o PM agiu em legítima defesa putativa, ou seja, que ele reagiu a uma ameaça imaginária. No total, três colegas de Gustavo, que estavam com ele no momento do tiro, foram ouvidos. Outras cinco pessoas que estavam no local também prestaram depoimento à polícia. De acordo com o delegado, todas as testemunhas corroboraram com a versão apresentada pelo policial militar.
- É um inquérito muito complexo. Foram analisadas todas as perspectivas acerca do fato para que não ficasse nada sem análise. Fizemos minuciosamente todas as análises possíveis e concluímos o inquérito hoje, que resultou no não indiciamento do policial. Eu sei que isso é complicado para a família, mas a análise jurídica foi feita em cima de todos os fatos, que foram exaustivamente analisados - explica Rodrigues.
A reportagem questionou o delegado a respeito do depoimento de um dos colegas de Gustavo, que gritou ao policial para que não atirasse pois ele era um trabalhador. Segundo Rodrigues, o PM não tinha como ouvir o que falavam da distância em que estava.
Agora, o resultado do inquérito será encaminhado ao Ministério Público, que analisará os fatos e pode concordar ou discordar com a decisão da Polícia Civil. Para o delegado, esse foi um dos casos mais traumáticos em que ele já atuou:
- A gente se solidariza com a família. É uma tragédia. Acaba sendo uma tragédia para os dois lados. É um inquérito difícil pra nós também. É uma situação muito delicada, fomos o mais técnico e imparcial possível. Não poupamos esforços. É uma dor para a família que a gente sabe que não vai passar.
O relatório final do inquérito conta com 28 páginas de análise e outras quatro com mapas feitos do local do crime.
O CASO
De acordo com o boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil, dois homens estavam em uma camionete Volkswagen Amarok, que teria sido furtada em Casca, a 32km de Marau, quando foram abordados e tentaram fugir. Durante a tentativa de fuga, a camionete colidiu contra uma Fiat Doblô, onde estava Gustavo e mais três homens. Um dos colegas, o montador eletricista Evandro Motta, 31 anos, conta que o grupo estava indo trabalhar, por volta das 7h45min de 19 de abril, quando avistou as viaturas da polícia na estrada. Em seguida, começou o tiroteio. Gustavo, que estava no volante, parou o carro no acostamento.
De acordo com Evandro, havia outros carros parados atrás deles e Gustavo, em pânico, correu em direção a esses veículos. Nesse momento, conforme o colega, ele viu o policial andando no meio da estrada, indo em direção ao engenheiro e começou a gritar: "não atira, ele é trabalhador". Em seguida, o policial teria efetuado o disparo.
Os dois suspeitos que estavam na camionete foram presos em flagrante pela polícia. Um deles também foi baleado e encaminhado para o hospital de Passo Fundo para cirurgia. De acordo com o delegado, os dois bandidos tinham ficha criminal extensa por tráfico de drogas, roubos e homicídios. Um deles era foragido do sistema prisional e o outro estava em liberdade condicional. Ambos seriam de Passo Fundo.
O irmão gêmeo da vítima, Guilherme dos Santos do Amaral, disse que o irmão trabalhava com subestações de energia elétrica e estava em Marau para montar um transformador em uma empresa. Gustavo era engenheiro eletricista formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).